segunda-feira, 5 de abril de 2010

A METAMORFOSE

                                             Crônica - A METAMORFOSE

(Crônica escrita para a versão    "on-line" do Jornal  laboratório " Entrevista" da Universidade Católica de Santos . - março -2010)Marcia Leite -5º semestre noturno


             Chegamos à Universidade na mesma condição de espermatozóides vencedores da corrida para a fecundação do óvulo.  Nascemos em ninhada, éramos muitos, barulhentos, irritantes, chorões.
              Percebemos nossa insignificância em relação ao novo mundo e unimo-nos. Agíamos então em bando, bando de camundongos. Espreitávamos pelas frestas dos corredores, salas de aula, laboratórios, mesas e computadores. Tramávamos planos infalíveis.
               Olhávamos com desconfiança os ratos maiores e mais antigos, além de outras feras e predadores que nos cercavam. Tocaiavam.   
               Impiedosamente, fomos atiçados e provocados pelos treinadores. Invariavelmente, éramos acordados nas madrugadas, atirados ao relento, expostos ao calor escaldante do sol e ao frio da chuva.
               Percorremos feiras, cemitérios, o cais do porto, favelas, morros; éramos a escória, numa luta incessante pela sobrevivência. Conhecemos a difícil vida dos ratos largados pelas ruas.
               Tivemos algumas baixas e deserções, sem honrarias ou cerimoniais. Ficamos enraivecidos, nos rebelamos, revolucionamos, viramos ratos em fúria. Crescemos, aparecemos , nos transformamos.
               O novo verão substituiu a feia pelagem cinza por uma pele mais lustrosa, escorregadia e safa.   Aprendemos a nadar e a fazer acrobacias, viramos focas, agora, mais graciosas, mais simpáticas, menos agressivas, com direito a comida e aplausos pela missão cumprida, na sequência do rigoroso processo de adestramento.
                 Felizmente, não nos transformamos em orcas e não houve, por ora, nenhuma Shamu-Tillikun com ação concreta de assassinar o treinador em plena atividade e em frente à platéia.  O futuro dirá e mostrará outras metamorfoses, desta vez, individuais.
                Aguardemos pois : águias, para grandes vôos; linces, com olhos precisos; raposas; leões; corujas, e, por fim, perdigueiros, com bom faro para a notícia.






             BEM - VINDOS FOCAS- UNISANTOS 2010!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

CLAUDIUS - O IMPERADOR

CLAUDIUS - O IMPERADOR


                     Corpo franzino, voz dócil e educada, ar protetor, sorriso largo e acolhedor, olhar tutorial, barba, bigode, cabelo... bem , cabelo um pouco escasso.
                  Passos sempre acelerados , pastas e mais pastas    a  tira-colo, rotina diária de  professor de diagramação .                                                                                        
                  Fôlego, muito fôlego para os sem número de alunos a assediá-lo.
Paciência é sua bandeira, perseverança o seu estandarte.  
                   Page maker a sua arma.
 Lemos, Cláudio, Claudinho, professor, querido professor.
Impossível zangar-se com suas ralhas que sempre começam por
“ filho ... não é assim ... ,"
 " meu Deus do      céu!!!   " ...                                                                                                 
                     E une as pontinhas dos dedos para sacudí-las em seqüência, denunciando sua origem italiana e leva as mãos à careca da cabeça para dizer : - É impossível não saber importar um texto !
                     - Vamos lá ... Tahoma, texto em contorno, cinco colunas ... tablóide , publicidade nas pontas ... nas pontas filho ... texto curto, texto curto, viúvas, corrige as viúvas filho .
               -  Página mestra,
                                   página mestra !                                                                                        
                       - Por que não agrupou ? Tira a sujeira .
  joga fora!!!     Joga  fora!!                                                                                                                      
                     É um misto de Dom Quixote com imperador Romano-  Cláudius O Imperador !                                                                                     
                    Sua armadura é a calça jeans.O cavalo é o computador, a bandeira:
             " O Senhor é o meu Pastor e nada me faltará"
                     Foi bom encontrá-lo pessoalmente, mestre que a vida colocou no meu caminho, para tutoriar meu mundo jornalístico.   
                     Afinal, meu primeiro conto foi publicado em 1998 em jornal de Paróquia católica chamado  “ A Voz da Aparecida “, cujo jornalista era, nada mais nada menos, que ele : o Cláudio Lemos.                                                                                                              
                    Assim, reconheci quem já conhecia e quem sem saber, naquela altura,já me incentivava a ser jornalista.                                                                                                                         
                     Obrigada mestre, obrigada imperador.
                     Levarei comigo seu exemplo de docilidade e competência para toda a vida.


Beijo.


Obs.: Eu tento , mas, diagramar, como pode-se observar, não é o meu forte, a despeito dos esforços do mestre ...rsrs

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A VARANDA

A VARANDA

As férias escolares estão terminando. Por conta delas, neste verão, tive o prazer de desfrutar da companhia de alguns de meus sobrinhos aqui em casa.  Foi uma delícia.

 Cumpri minha meta de transformar a minha casa em "Colônia de férias da tia-madrinha". Biquini e maiô foram as únicas peças de vestuário usadas no período. Dia e noite, diga-se.

Mas, o que me chamou a atenção e me inspirou a escrever este "post" foi um comentário de Mariana, minha primeira afilhada, num dos agradáveis  finais de tarde   de "conversê " na nossa  varanda .

Foi mais ou menos assim:  Cheguei do trabalho, vesti o "uniforme  de férias" , peguei uma caneca com  café e me sentei ao lado da Mariana . Ao longo dos seus  vividíssimos onze anos, Mariana estava ensimesmada, espreguiçada em uma das cadeiras da  varanda, com os pezinhos esticadinhos sobre o pufe de apoio .

 Observada de longe, parecia uma adulta em profundo momento reflexivo: olhar fixo no horizonte , semblante distraído; saboreava, em goles curtos, o suco colocado em outra  caneca da Dinda. 

Admirava, platonicamente, o belo cenário da junção das montanhas com o mar. Se fosse Sherlock , faltaria apenas o cachimbo para completar  o quadro, se fosse Marcia, seria a versão miniatura ...

Puxei assunto com ela, que me respondeu apenas com um sorriso terno e um olhar de soslaio.

Alguns segundos em minha companhia, disparou uma pergunta inusitada : - Madrinha, a sua vida é sempre assim ?
-Não entendi Mari, respondi . -Assim como?
-Assim, Madrinha , tranquila, com tempo para a gente conversar e dar risada na varanda, sem correria. Aqui na sua casa, você tem em cada  cantinho,  um lugar legal  para o papo e a gente pode até dormir nas cadeiras se quiser. Pode ficar descalço e com qualquer roupa e nem  dá vontade de ir para a rua. Você e a vó nem ligam para as coisas modernas e a comida da vó é bem mais gostosa que a do shopping. A gente pode até quebrar sem querer um copo que não tem problema. Tudo pode ser trocado  , lavado e substituído, menos as pessoas, é claro. 

Caí na gargalhada ! Nossa! Que reflexão linda a minha afilhada tinha feito. Eu nem percebera que havia transformado a minha casa, praticamente, numa pousada ou  casa de repouso  "natureba".

- Bom, Mariana, respondi - Em geral eu sou tranquila em tudo o que faço .  Eu corro o dia todo e também faço um monte de coisas ao mesmo tempo, mas, tudo de uma forma tranquila, alegre e organizada. Eu escolhi ser assim . A gente pode escolher sabia? E eu acho que a casa da gente tem que ser o melhor lugar do mundo, justamente para que possamos reabastecer as energias.

-Ah tá. Disse ela. É que na minha casa, meus pais são mais estressados e eu fico estressada também quando não consigo dar conta dos compromissos todos. É inglês, é piano, é futebol, é handebol, é guitarra, é escola ...


-Bom, Mari, respondi. - Eu também fico estressada quando vocês fazem uma baguncinha básica aqui em casa , né? Na realidade, eu penso que quem é responsável, costuma ficar estressado mesmo.Isso  não é uma coisa ruim.  A gente tem só que ter noção dos própios limites e da nossa falibilidade.

-Falibilidade? Como assim? Disse ela.

-Ora, somos humanos, e, portanto, sujeitos a falhas. Não as propositais entende? Mas, aquelas que acontecem de vez em quando com todo mundo. E quando elas acontecem, você pode escolher entre pensar que não conseguiu ou pensar que poderá fazer melhor numa próxima vez, pois, naquele momento, você deu o seu melhor.

-Mas é difícil né Madrinha. Eu sofro muito.
-Então, Mari, eu acho que tudo é treino e escolha para viver bem. Para não sofrer e para viver tranquila. 

Fez-se novamente o silêncio e voltou a Mariana ao gole curto do que restou do suco na caneca de café. 

-É... Pode ser... Disse .

Nem um minuto depois, novamente dispara ela, imprevisivel: - William , vamos dar um mergulho? Tá chovendo, mas a água tá quentinha!! Tchau Madrinha.

Caí de novo na gargalhada. Convenhamos,era muita reflexão para uma criança de onze anos!!!

Realmente,a capacidade de percepção sobre a responsabilidade das escolhas para a nossa vida é fruto, certamente, da  maturidade. Nascer e morrer são processos biológicos compulsórios, mas viver, ah! Viver não! Viver depende da nossa vontade e ,sobretudo, das nossas escolhas.

 Há gente que diz:- Minha vida é uma droga!!! Outros  elogiam : -Que vida linda tem Fulano!! Outros ainda, comentam: - Coitado do Beltrano, estragou a própria vida. E a Maria, então, tem uma vida  que é só  sofrimento.

Já a Márcia , que vidão hein!!!! Pessoa de sorte!!!

É, é sim. Sou uma pessoa de sorte, escolhi ter sorte, escolhi a felicidade, escolhi a bonança, escolhi a tranquilidade, minha e dos que me cercam.

Não pensem vocês que não há ventos contrários no meu mar, há sim, e muitos, mas , aprendi a nadar, a remar  e ainda, a respirar debaixo d'água, se for preciso .

É bom olhar para trás e, ao perguntar - O que foi que eu fiz? Verificar que fiz coisas belas, muito belas e que há muito ainda para fazer! Se Deus quiser!

Sartre? É ... pode ser ...


Beijos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

TV DIGITAL

TV DIGITAL

Daqui a pouco, vamos todos ter que nos adaptar às novas tecnologias. Mais proximamente da nossa realidade doméstica, está a troca dos aparelhos de TV convencionais pelos digitais. Pensando já num planejamento financeiro desta troca, ou melhor, trocas, já que em cada canto da casa tem uma TV, fui dar uma xeretada nas lojas . Visitei uma, duas, três, quatro grandes magazines; conheci diversas marcas,modelos e tamanhos. Fiquei PLASMA!!!!! Realmente,a nova tecnologia é digital : DE MUITOS DÍGITOS !!
Conferindo o hollerite , observei que  o meu salário  não recebeu qualquer "upgrade "  e permaneceu  em velocidade de "bites" de versão ultrapassada. Porém, era lei a ser cumprida e algum jeito tinha que se ter para obedecer o Governo que inventou isso aí, junto com os novos modelinhos de tomada. Já pensaram vir um fiscal do Lula na minha casa e dizer : - Teje presa ! Agora só pode ter TV digital!! Aos costumes! Recolhe essa velharia aí !! ( tô falando das TVs hein gente). Deus que me livre!!Matutei o caminho inteiro na volta para a casa, sem encontrar, todavia, uma solução. Mas, assim que cheguei e abri a porta da sala, cheia da sobrinhada em férias e aproveitando muito a casa da tia-madrinha, percebi que a minha preocupação era infundada. As digitais já estavam por toda a parte!!! Sim, sim: AS  DIGITAIS!!! Digitais dos dedinhos da molecada  ; nas paredes, nas portas, nos armários e, é claro, nas TVs!!!!! Pronto!! Resolvido o problema!!!  Relaxei e gritei para a minha mãe: - Ô vóóóóóóóóóóóóóó  , me traz um cafezinho que vou pro meu quarto ler um livrinho???? Obrigadinha, também te amo!!Ah! Amanhã,pede para a Jucilene passar uma buchinha com sabão nas paredes tá? Nas TVs não precisa mexer em nada! Beijinhos.

RICARDO SEITENFUS

SIMPLESMENTE LINDO!!!!!

"OS HOMENS E AS INSTITUIÇÕES SE DEIXAM CONHECER PLENAMENTE NO MODO COMO REAGEM AOS GRANDES TRAUMAS GRAVADOS PELA HISTÓRIA "

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

UM MÊS DE BLOG!!!!!

COMPLETEI UM MÊS DE BLOG !!!!!

VIVA!!!!

 INCRÍVEL!!!!!

AGRADEÇO TODAS AS VISITAS !!!! OBRIGADA!!!! VENHAM SEMPRE!!!

DEIXO MEU MAIL PARA CONTATOS  E SUGESTÕES: marcia_elisabeth@uol.com.br

BEIJOS!!!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

AINDA O HAITI

Texto Publicado também na Zero Hora de 17 de janeiro de 2010

N° 16218


Professor Seitenfus relata situação de Porto Príncipe pós terremoto



NA URGÊNCIA E PRECARIEDADE

Cheguei a Porto Príncipe na madrugada de sexta-feira. O edifício onde residi por um ano desabou completamente.

Perdi grande parte dos vizinhos e a totalidade de meus objetos pessoais. Tivesse eu adiado minhas férias por cinco dias, estaria também sob aqueles escombros. Trago comigo apenas a mochila que veio do Brasil, com alguma roupa e três cachimbos. Durmo no acampamento das Nações Unidas.

Busco notícias dos cerca de cem funcionários que se encontram a serviço da Organização dos Estados Americanos no Haiti, dos muitos amigos universitários, diplomatas, políticos e militares. A maior parte de meus interlocutores diários faleceu.



Entre as incontáveis preocupações que me assaltam hoje, sublinho a relação entre a natureza e a obra humana. Todo terremoto de tal escala causa danos de monta. Porém, se a catástrofe no Haiti alcançou tamanha amplitude, especialmente se centenas ou milhares de pessoas seguem morrendo por falta de socorro, isto se deve à inexistência prévia de um Estado proficiente em saúde pública, habitação e trabalho. A cooperação sul-americana no Haiti, extraordinário avanço da política externa da região, estava buscando exatamente forjar os meios para superar os limites de uma missão de paz tradicional, beneficiando a população de modo estrutural e permanente com variados projetos, inclusive de agricultura familiar e saneamento básico.



O Haiti vive na urgência e na precariedade desde muito antes da tragédia do presente. Trata-se de um Estado débil, dependente da ajuda internacional. O território foi particularmente castigado por catástrofes naturais. Porém, o atraso no desenvolvimento do Haiti deve-se também a outros fatores, entre os quais destacam-se as ditaduras cruéis que produziram uma cultura política de privilégios e violência. Durante a ditadura da família Duvalier, sob a batuta dos famosos Papa e Baby Doc, entre as décadas de 1950 e 1980, o Haiti mergulhou na pobreza e na corrupção. O legado autoritário repercute em todas as dimensões da vida nacional.



Por tudo isso, o Brasil, em particular, deve orgulhar-se do trabalho lá realizado e persistir na ideia de trocar o mero (e sem fim) assistencialismo, ou a obsessão securitária, pela cooperação profunda, capaz de gerar autonomia. Os desafios da reconstrução são imensos, e apenas uma aliança entre os países das Américas será capaz de enfrentá-los. Nela, o Brasil deve manter e consolidar seu protagonismo. Eis um assunto de Estado, e não de governo. Os homens e as instituições se deixam conhecer plenamente no modo como reagem aos grandes traumas gravados pela História. O horror ora vivido pelo Haiti é um deles.



* Gaúcho, representante especial do secretário-geral da OEA em Porto Príncipe



RICARDO SEITENFUS*

HAITI - O CAOS MUITO ALÉM DO TERREMOTO

Meu texto de hoje não tem qualquer viés satírico ou humorístico. A recente tragédia geológica do Haiti e todas as vítimas que fez, inclusive a Dra. Zilda Arns e diversos integrantes de missão diplomática brasileira, aguçaram a minha curiosidade sobre a razão da ajuda humanitária do Brasil àquele País, muito antes do terremoto.


A real intenção da ação brasileira seria :  dominação? Interesse econômico, ou , simples solidariedade? Haveria  diferença entre  esta e  a ação dos  EUA ao Iraque para a sua reconstrução? Por que a ONU  mandou tropas ao Haiti antes do terremoto? E se os brasileiros não estivessem lá após a catástofre sísmica? O que pensa a população haitiana sobre a ação estrangeira? Haverá uma insurreição nacionalista contra o Brasil  no futuro ? Questões, questões, tormentosas questões.


A  plotagem do  Haiti revela que é uma porção territorial situada no Mar do Caribe. Ocupa o terço ocidental da ilha Hispaniola com fronteira terrestre, a Leste, com a República Dominicana , ao Norte, com o Oceano Atlântico e ao Sul, com o Mar do Caribe, tem 640 Km  de extensão em seus pontos extremos.


Possui, geograficamente, a forma da cabeça de um pequeno crocodilo da região, chamado Caimão. Além destas fronteiras, os territórios mais próximos são : as Bahamas e Cuba a Noroeste, Turks e Caicos a Norte, e Navassa a Sudoeste. A capital é Porto Príncipe (Port-au-Prince).


Foi conhecido pelo nome de " A Pérola das Antilhas"  no período de colonização francesa de parte da ilha.





Inicialmente colonizado pelos espanhóis e franceses, perpassou por diversos movimentos nacionalistas de independência. Teve sua construção política recheada de desmandos e exploração.


O pior período dessa história, assenta-se na gestão da família Duvalier,o  Papa -Doc e seu filho e sucessor político, Baby -Doc, que levaram o País ao absoluto terror, com suas guardas de elite conhecidas por tontons macoutes, os  "bichos-papões".





A organização jurídico-política do Haiti tem a forma de  república presidencialista com um Presidente eleito e uma Assembleia Nacional. A constituição foi introduzida em 1987 e teve como modelo, as constituições dos Estados Unidos da América e da França. A instabilidade política haitiana, entretanto, nem sempre permitiu o cumprimento da norma consitucional que só voltou  a ser  plenamente válida em 1994.

 Em julho de 1995, o País sofreu uma intervenção militar decretada pela ONU ante a denúncia dos EUA sobre a ilegalidade da nomeação do civil Émile Jonassaint pela junta militar haitiana para a presidência .

 Em 2004, os revoltosos assumiram o poder no Haiti, levando o então presidente, Jean-Bertran Aristide, a buscar asilo diplomático na África do Sul.

 Bonifácio Alexandre, presidente da Suprema Corte , sucedeu a  presidência da República Haitiana e  requisitou o concurso das Nações Unidas para o apoio a transição política pacífica e manutenção da segurança interna. Neste mesmo tempo, o Conselho de Segurança  da ONU aprovou o envio da Força Multinacional Interina ( MIF), liderada pelo Brasil.




Posteriormente , após o período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide, mais precisamente em 30 de abril de 2004, o Conselho de Segurança da ONU , por meio da Resolução 1542, decidiu instalar a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti - o MINUSTAH , sigla originária do francês , Mission des Nations Unies pour la stabilisation en Haïti.







Para o comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander), foi designado o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro. O efetivo autorizado para o contingente militar foi de 6.700 homens, oriundos dos seguintes países contribuintes: Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai.





Bem ao estilo de Bretton Woods, do final da Segunda Guerra Mundial,  onde, aliás, foi esboçado o  atual formato da Organização das Nações Unidas - ONU - ou - UN - (United Nation) - dos boinas azuis - as missões estrangeiras no Haiti fizeram-se necessárias para o auxílio à população miserável.


Não bastante a realidade de pobreza abaixo da linha mínima considerada , e da desordem política, sobreveio então, no Haiti, há uma semana,  a catástrofe sísmica, que já levou 70 mil pessoas à sepultura, em vala comum.


Assisto aos noticiários e percebo que há o caos generalizado no País, totalmente destruído.Não há governo , não há ordem , só horror , terror e desespero.


Ecoa em meus ouvidos ainda, a  voz do soldado brasileiro que salvou a enfermeira grávida, soterrada em escombros do hospital em que trabalhava, dizendo:  - O que seria de vocês se nós não estivéssemos aqui? Graças a Deus, nós estamos aqui! Graças a Deus!

 Com lágrimas nos olhos e o coração bem apertado, percebo que, pensar em dominação numa hora dessas é que seria desumano. Assim, dispo-me de todas  as vestes acadêmicas  de internacionalista  que sou, desisto  de questionar, por ora, quem será o novo colonizador ou dominador econômico do  Haiti (apesar de a razão já enxergar o que parece óbvio no futuro)  e rendo-me , com o soldado, ao mais sublime ato de solidariedade ao povo Haitiano:

- Graças a Deus, o Brasil está lá!


- Graças a Deus!









terça-feira, 12 de janeiro de 2010

AVA A TAR..

Cruzeiro Mirim  é uma  pacata cidade  no interior de Minas.
Encravada entre  verdes montanhas, não recebe  sinal de celular. O  computador então, é "avis rara" nas residências. É, praticamente, uma cidade perdida, parada no tempo, nos confins dos Gerais.


Para se ter uma ideia do movimento de Cruzeiro , a  atração mais cobiçada da cidade é a missa semanal, rezada sempre aos domingos, às dez horas da manhã, ocasião em que  toda a população,  de cinquenta pessoas , comparece à praça principal e única , para a devoção e o passeio, com sua melhor vestimenta , a cuidadíssima      " roupa de missa ".


Destaca-se no desfile da praça: Dona Mirian, a viúva do banqueiro; Cláudia Eugênia, a filha-herdeira, moça donzela e casadoira; o Prefeito, com seu bigodão; a dona Primeira Dama, com seu vestido de grife importado de Paris; e por fim, o Delegado, que é ateu, mas vai a Igreja apenas para mostrar a imponência de sua autoridade.


Faz vista também, a dona Pâmela, bonitona recém chegada à cidade, que dizem ser teúda e manteúda  do coronel Firmino. Bandeou-se para os lados de cá faz pouco, trazendo costumes  e novidades da cidade grande.


Apesar dessa aparente quietude, Cruzeiro Mirim ganhou fama internacional pela produção de um delicioso queijo azul,  fabricado na fazenda  da Dona Isabel, bisneta do coronel Epaminondas, um dos fundadores do local. 


O queijo correu mundo por suas inexplicáveis propriedades afrodisíacas, curativas e rejuvenecedoras  .


Era conhecido pelo nome de  queijo da AVATAR ,o queijo  azul,  de três quilos, vendido inteiro ou em fatias no amazém do "seu" Lindauro, vizinho da botica do "seu" Reginaldo e do lado da bodega do Apolinário e da Dalva, tudo alí na praça.De gosto inigualável ,odor maravilhoso, enfim  uma dádiva  .
O queijo atraía  ainda , muitos turistas que vinham conhecer e provar  o AVATAR . Tinha até gente forasteira de místicas seitas,  que se reunia na praça e entoava uma espécie de mantra ao redor da fonte luminosa. Bem na hora em que começava o esguicho d´agua  e badalavam os sinos da matriz , todos comiam e murmuravam :


hummmmmmmmmmmmmmm,hummmmmmmm,hummmmmmmmmmmmmmmmmm, hummmmmmmmmmmmmm...


Se o queijo fosse gente, já haveria  até pedido de beatificação protocolado no Vaticano, por ordem do Padre José, que, bem rápido, mandou a Sofia, a Secretária da Paróquia, montar uma barraquinha com imagens de santos , tercinhos e garrafinhas de água-benta para  vender aos fiéis do queijo. Sabem como é, as esmolas eram escassas na pacata cidade.


Tinha gente que guardava o queijo na bolsa, igual a relíquia, para durar o ano inteiro e ir comendo aos poucos. Outros, costuravam em pedacinhos de panos como patuá e carregavam na roupa. Outros, ainda, colocavam dentro dos potes de alimentos para a comida render mais.

Vinham excursões de todo o Brasil a procura do queijo  que era raro, pois produzido apenas uma vez ao mês e em um único exemplar. Diziam que  era muito difícil a sua fabricação  porque demandava ingredientes secretos e rituais próprios do AVATAR e daí, a sua preciosidade.

Certa feita, um jornalista, atraído pela fama do AVATAR , foi visitar o lugar e fazer uma reportagem especial sobre o queijo , aproveitando o ibope do filme de  igual nome...

Chegando à cidade, foi à Fazenda de Dona Isabel. Lá , deparou-se com uma cozinha rústica e a velha  nega Fulô,  tataraneta do  escravo Israel, e, hoje, dona das terras, recebidas  em paga de uma indenização trabalhista.


Perguntando sobre a produção do queijo e suas propriedades recebeu a seguinte resposta da Fulô, que continuava sentada num toco de árvore, pitando seu cigarrinho de palha, bem ao gosto mineiro: - Óia seu moço, isso eu num sei dizê não sinhô. O quejo é feito co' o leite da AVA GARDINEY  a TAR  de vaca holandesa  que a Sinhá comprô. A cor azur é do paper crepão qui nóis imbruia o quejo e qui disbota na viage . Pesa treis quilo pruquê nóis só tem um tacho e nóis ponhamos os resto dos leite alí  pra deixá ele azedá e pronto. Ninguém nunca recramô.

Decifrado o mistério, ninguém mais quis saber do queijo, mas, pelas montanhas no entorno da pequena Cruzeiro Mirim, ainda se ouve o eco das vozes do Prefeito, do Padre e do moço do armazém:


- Jornalistazinho filho da  ****...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Aprendendo a ser âncora




O meu processo de transição de carreiras está em pleno curso. Pelos meus cálculos, a migração da advocacia para o jornalismo iria acontecer somente mais tarde, após a conclusão da faculdade , mas,as coisas se precipitaram e estou tendo a portunidade de colaborar na área de comunicação um pouco mais cedo . Ainda  é um voluntariado, bem próprio da necessária etapa de estágio, natural de todo aprendizado profissional.

Este voluntariado, entretanto, resume-se na apresentação e editoria de um programa de televisão  semanal da Ordem dos Advogados do Brasil, veiculado pela TV comunitária de Santos - TV COM - canal 11 da NET. É claro que  eu já auxiliava na TV , mas com este viés de responsabilidade, acrescido do profissionalismo que me propus, as  coisas mudaram de figura. O fato de eu ser advogada  e o programa ser focado,  prioritariamente, em assuntos da área jurídica, facilitam o meu trabalho, mas , agora ,como uma quase jornalista diplomada, meu olhar é absolutamente diferente daquela simples apresentadora de tempos atrás.

Ganhei de presente de Natal, o livro do Bonner, sobre o Jornal Nacional. O que mais me chamou a atenção na leitura foi a simplicidade da narrativa do autor . O William dá a entender, que todos podem fazer um Jornal Nacional!!! Simples assim!!! Uau!! Na prática,todavia, a teoria é outra, como sabemos, mas , este livro, me fez refletir e tentar seguir os conselhos de simplicidade e sincronicidade  de equipe transmitidos pelo autor.

Realmente, no comando de um programa,  estarei dirigindo um boeing em que todas as tarefas precisam ser conhecidas por todos e a equipe precisa trabalhar em harmonia, para que se possa decolar e aterrizar em segurança .Além disso, o serviço de bordo tem que ser impecável, por mais simples que se possa oferecer. Ontem, comecei a colocar em prática os ensinamentos adquiridos, lancei a planilha e os espelhos de entrevistas ( que eu já havia agendado com antecedência - time de entrevistados primeira linha!!!) para toda a equipe.

Amanhã, começo as gravações . Agradeço imensamente a todos os que concordaram em participar comigo desta nova etapa de vida. Obrigada! Obrigada!Obrigada!

Assim: - Atenção tripulação, preparar para a decolagem!
Tenham todos uma Boa Viagem!

Thanks to fly with me!

sábado, 2 de janeiro de 2010

2010

HONEST VIVERE
NEMINEN LAEDERE
SUUM CUIQUE TRIBUERE