A VARANDA
As férias escolares estão terminando. Por conta delas, neste verão, tive o prazer de desfrutar da companhia de alguns de meus sobrinhos aqui em casa. Foi uma delícia.
Cumpri minha meta de transformar a minha casa em "Colônia de férias da tia-madrinha". Biquini e maiô foram as únicas peças de vestuário usadas no período. Dia e noite, diga-se.
As férias escolares estão terminando. Por conta delas, neste verão, tive o prazer de desfrutar da companhia de alguns de meus sobrinhos aqui em casa. Foi uma delícia.
Cumpri minha meta de transformar a minha casa em "Colônia de férias da tia-madrinha". Biquini e maiô foram as únicas peças de vestuário usadas no período. Dia e noite, diga-se.
Mas, o que me chamou a atenção e me inspirou a escrever este "post" foi um comentário de Mariana, minha primeira afilhada, num dos agradáveis finais de tarde de "conversê " na nossa varanda .
Foi mais ou menos assim: Cheguei do trabalho, vesti o "uniforme de férias" , peguei uma caneca com café e me sentei ao lado da Mariana . Ao longo dos seus vividíssimos onze anos, Mariana estava ensimesmada, espreguiçada em uma das cadeiras da varanda, com os pezinhos esticadinhos sobre o pufe de apoio .
Observada de longe, parecia uma adulta em profundo momento reflexivo: olhar fixo no horizonte , semblante distraído; saboreava, em goles curtos, o suco colocado em outra caneca da Dinda.
Admirava, platonicamente, o belo cenário da junção das montanhas com o mar. Se fosse Sherlock , faltaria apenas o cachimbo para completar o quadro, se fosse Marcia, seria a versão miniatura ...
Observada de longe, parecia uma adulta em profundo momento reflexivo: olhar fixo no horizonte , semblante distraído; saboreava, em goles curtos, o suco colocado em outra caneca da Dinda.
Admirava, platonicamente, o belo cenário da junção das montanhas com o mar. Se fosse Sherlock , faltaria apenas o cachimbo para completar o quadro, se fosse Marcia, seria a versão miniatura ...
Puxei assunto com ela, que me respondeu apenas com um sorriso terno e um olhar de soslaio.
Alguns segundos em minha companhia, disparou uma pergunta inusitada : - Madrinha, a sua vida é sempre assim ?
-Não entendi Mari, respondi . -Assim como?
-Assim, Madrinha , tranquila, com tempo para a gente conversar e dar risada na varanda, sem correria. Aqui na sua casa, você tem em cada cantinho, um lugar legal para o papo e a gente pode até dormir nas cadeiras se quiser. Pode ficar descalço e com qualquer roupa e nem dá vontade de ir para a rua. Você e a vó nem ligam para as coisas modernas e a comida da vó é bem mais gostosa que a do shopping. A gente pode até quebrar sem querer um copo que não tem problema. Tudo pode ser trocado , lavado e substituído, menos as pessoas, é claro.
Caí na gargalhada ! Nossa! Que reflexão linda a minha afilhada tinha feito. Eu nem percebera que havia transformado a minha casa, praticamente, numa pousada ou casa de repouso "natureba".
- Bom, Mariana, respondi - Em geral eu sou tranquila em tudo o que faço . Eu corro o dia todo e também faço um monte de coisas ao mesmo tempo, mas, tudo de uma forma tranquila, alegre e organizada. Eu escolhi ser assim . A gente pode escolher sabia? E eu acho que a casa da gente tem que ser o melhor lugar do mundo, justamente para que possamos reabastecer as energias.
-Ah tá. Disse ela. É que na minha casa, meus pais são mais estressados e eu fico estressada também quando não consigo dar conta dos compromissos todos. É inglês, é piano, é futebol, é handebol, é guitarra, é escola ...
-Ah tá. Disse ela. É que na minha casa, meus pais são mais estressados e eu fico estressada também quando não consigo dar conta dos compromissos todos. É inglês, é piano, é futebol, é handebol, é guitarra, é escola ...
-Bom, Mari, respondi. - Eu também fico estressada quando vocês fazem uma baguncinha básica aqui em casa , né? Na realidade, eu penso que quem é responsável, costuma ficar estressado mesmo.Isso não é uma coisa ruim. A gente tem só que ter noção dos própios limites e da nossa falibilidade.
-Falibilidade? Como assim? Disse ela.
-Ora, somos humanos, e, portanto, sujeitos a falhas. Não as propositais entende? Mas, aquelas que acontecem de vez em quando com todo mundo. E quando elas acontecem, você pode escolher entre pensar que não conseguiu ou pensar que poderá fazer melhor numa próxima vez, pois, naquele momento, você deu o seu melhor.
-Falibilidade? Como assim? Disse ela.
-Ora, somos humanos, e, portanto, sujeitos a falhas. Não as propositais entende? Mas, aquelas que acontecem de vez em quando com todo mundo. E quando elas acontecem, você pode escolher entre pensar que não conseguiu ou pensar que poderá fazer melhor numa próxima vez, pois, naquele momento, você deu o seu melhor.
-Mas é difícil né Madrinha. Eu sofro muito.
-Então, Mari, eu acho que tudo é treino e escolha para viver bem. Para não sofrer e para viver tranquila.
Fez-se novamente o silêncio e voltou a Mariana ao gole curto do que restou do suco na caneca de café.
-É... Pode ser... Disse .
Nem um minuto depois, novamente dispara ela, imprevisivel: - William , vamos dar um mergulho? Tá chovendo, mas a água tá quentinha!! Tchau Madrinha.
Nem um minuto depois, novamente dispara ela, imprevisivel: - William , vamos dar um mergulho? Tá chovendo, mas a água tá quentinha!! Tchau Madrinha.
Caí de novo na gargalhada. Convenhamos,era muita reflexão para uma criança de onze anos!!!
Realmente,a capacidade de percepção sobre a responsabilidade das escolhas para a nossa vida é fruto, certamente, da maturidade. Nascer e morrer são processos biológicos compulsórios, mas viver, ah! Viver não! Viver depende da nossa vontade e ,sobretudo, das nossas escolhas.
Há gente que diz:- Minha vida é uma droga!!! Outros elogiam : -Que vida linda tem Fulano!! Outros ainda, comentam: - Coitado do Beltrano, estragou a própria vida. E a Maria, então, tem uma vida que é só sofrimento.
Já a Márcia , que vidão hein!!!! Pessoa de sorte!!!
Há gente que diz:- Minha vida é uma droga!!! Outros elogiam : -Que vida linda tem Fulano!! Outros ainda, comentam: - Coitado do Beltrano, estragou a própria vida. E a Maria, então, tem uma vida que é só sofrimento.
Já a Márcia , que vidão hein!!!! Pessoa de sorte!!!
É, é sim. Sou uma pessoa de sorte, escolhi ter sorte, escolhi a felicidade, escolhi a bonança, escolhi a tranquilidade, minha e dos que me cercam.
Não pensem vocês que não há ventos contrários no meu mar, há sim, e muitos, mas , aprendi a nadar, a remar e ainda, a respirar debaixo d'água, se for preciso .
Não pensem vocês que não há ventos contrários no meu mar, há sim, e muitos, mas , aprendi a nadar, a remar e ainda, a respirar debaixo d'água, se for preciso .
É bom olhar para trás e, ao perguntar - O que foi que eu fiz? Verificar que fiz coisas belas, muito belas e que há muito ainda para fazer! Se Deus quiser!
Sartre? É ... pode ser ...
Beijos.