terça-feira, 19 de janeiro de 2010

HAITI - O CAOS MUITO ALÉM DO TERREMOTO

Meu texto de hoje não tem qualquer viés satírico ou humorístico. A recente tragédia geológica do Haiti e todas as vítimas que fez, inclusive a Dra. Zilda Arns e diversos integrantes de missão diplomática brasileira, aguçaram a minha curiosidade sobre a razão da ajuda humanitária do Brasil àquele País, muito antes do terremoto.


A real intenção da ação brasileira seria :  dominação? Interesse econômico, ou , simples solidariedade? Haveria  diferença entre  esta e  a ação dos  EUA ao Iraque para a sua reconstrução? Por que a ONU  mandou tropas ao Haiti antes do terremoto? E se os brasileiros não estivessem lá após a catástofre sísmica? O que pensa a população haitiana sobre a ação estrangeira? Haverá uma insurreição nacionalista contra o Brasil  no futuro ? Questões, questões, tormentosas questões.


A  plotagem do  Haiti revela que é uma porção territorial situada no Mar do Caribe. Ocupa o terço ocidental da ilha Hispaniola com fronteira terrestre, a Leste, com a República Dominicana , ao Norte, com o Oceano Atlântico e ao Sul, com o Mar do Caribe, tem 640 Km  de extensão em seus pontos extremos.


Possui, geograficamente, a forma da cabeça de um pequeno crocodilo da região, chamado Caimão. Além destas fronteiras, os territórios mais próximos são : as Bahamas e Cuba a Noroeste, Turks e Caicos a Norte, e Navassa a Sudoeste. A capital é Porto Príncipe (Port-au-Prince).


Foi conhecido pelo nome de " A Pérola das Antilhas"  no período de colonização francesa de parte da ilha.





Inicialmente colonizado pelos espanhóis e franceses, perpassou por diversos movimentos nacionalistas de independência. Teve sua construção política recheada de desmandos e exploração.


O pior período dessa história, assenta-se na gestão da família Duvalier,o  Papa -Doc e seu filho e sucessor político, Baby -Doc, que levaram o País ao absoluto terror, com suas guardas de elite conhecidas por tontons macoutes, os  "bichos-papões".





A organização jurídico-política do Haiti tem a forma de  república presidencialista com um Presidente eleito e uma Assembleia Nacional. A constituição foi introduzida em 1987 e teve como modelo, as constituições dos Estados Unidos da América e da França. A instabilidade política haitiana, entretanto, nem sempre permitiu o cumprimento da norma consitucional que só voltou  a ser  plenamente válida em 1994.

 Em julho de 1995, o País sofreu uma intervenção militar decretada pela ONU ante a denúncia dos EUA sobre a ilegalidade da nomeação do civil Émile Jonassaint pela junta militar haitiana para a presidência .

 Em 2004, os revoltosos assumiram o poder no Haiti, levando o então presidente, Jean-Bertran Aristide, a buscar asilo diplomático na África do Sul.

 Bonifácio Alexandre, presidente da Suprema Corte , sucedeu a  presidência da República Haitiana e  requisitou o concurso das Nações Unidas para o apoio a transição política pacífica e manutenção da segurança interna. Neste mesmo tempo, o Conselho de Segurança  da ONU aprovou o envio da Força Multinacional Interina ( MIF), liderada pelo Brasil.




Posteriormente , após o período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide, mais precisamente em 30 de abril de 2004, o Conselho de Segurança da ONU , por meio da Resolução 1542, decidiu instalar a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti - o MINUSTAH , sigla originária do francês , Mission des Nations Unies pour la stabilisation en Haïti.







Para o comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander), foi designado o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro. O efetivo autorizado para o contingente militar foi de 6.700 homens, oriundos dos seguintes países contribuintes: Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai.





Bem ao estilo de Bretton Woods, do final da Segunda Guerra Mundial,  onde, aliás, foi esboçado o  atual formato da Organização das Nações Unidas - ONU - ou - UN - (United Nation) - dos boinas azuis - as missões estrangeiras no Haiti fizeram-se necessárias para o auxílio à população miserável.


Não bastante a realidade de pobreza abaixo da linha mínima considerada , e da desordem política, sobreveio então, no Haiti, há uma semana,  a catástrofe sísmica, que já levou 70 mil pessoas à sepultura, em vala comum.


Assisto aos noticiários e percebo que há o caos generalizado no País, totalmente destruído.Não há governo , não há ordem , só horror , terror e desespero.


Ecoa em meus ouvidos ainda, a  voz do soldado brasileiro que salvou a enfermeira grávida, soterrada em escombros do hospital em que trabalhava, dizendo:  - O que seria de vocês se nós não estivéssemos aqui? Graças a Deus, nós estamos aqui! Graças a Deus!

 Com lágrimas nos olhos e o coração bem apertado, percebo que, pensar em dominação numa hora dessas é que seria desumano. Assim, dispo-me de todas  as vestes acadêmicas  de internacionalista  que sou, desisto  de questionar, por ora, quem será o novo colonizador ou dominador econômico do  Haiti (apesar de a razão já enxergar o que parece óbvio no futuro)  e rendo-me , com o soldado, ao mais sublime ato de solidariedade ao povo Haitiano:

- Graças a Deus, o Brasil está lá!


- Graças a Deus!









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